Uma herança das cavernas
Prédios, casas, monumentos, paredes e vitrais. A arte nos murais pode parecer como uma novidade do mundo contemporâneo mas ela é muito antiga, só se reinventou. A breve viagem que fizemos pela história dos murais vai longe! Por isso, vem aí a Parte 2 : Muralistas também são mulheres, e são muitas!
Quando vamos pesquisar a história da arte – ou, até a história geral -, nos deparamos com diversos nomes, mas na grande maioria, esses nomes ainda são de homens. Por isso, é importante e fundamental resgatar e contemplar trabalhos de mulheres que também escreveram e escrevem essas histórias. Por isso, trouxemos aqui algumas muralistas mulheres para você conhecer.
Hanna Lucatelli
Formada em designer de moda, Hanna abdicou da profissão e passou a se dedicar aos desenhos e à arte, uma paixão que carregava desde pequena. Através de um palpite de sua mãe, a artista, que antes costumava deixar suas pinturas guardadas no papel, decidiu marcar as ruas brasileiras.
Suas obras têm como principal característica a figura da mulher e propõem uma representação que foge da ideia de fragilidade, passividade e sexualização. “Procuro me inspirar em mulheres que me ajudam a potencializar e libertar minha força feminina”.
Nascida em 1990, cria personagens mulheres que buscam transmitir mensagens que provocam reflexões. Podemos encontrar suas obras em diversas ruas de São Paulo, sua cidade natal.
Aline Bispo
Aline, outra paulistana, é muito conhecida por suas obras que tem figurações de ícones religiosos, elementos da natureza e símbolos políticos, ressaltando questionamentos sobre miscigenação brasileira, gênero, sincretismos religiosos e etnia. Ficou muito conhecida pela capa do bestseller Torto-arado, de Itamar Vieira Junior.
A artista também cria ilustrações para a coluna de Djamila Ribeiro na Folha de São Paulo. Nasceu em São Paulo em 1989, e sua jornada no graffiti se iniciou nas ruas da cidade.
Bianca Foratori
Foratori nasceu em 1991, em Jundiaí, interior de São Paulo. Seus trabalhos tem como temática tratar do feminino. Conta que iniciou na pintura e carregava um desejo de mudar o modo como as mulheres eram representadas na arte. Assim, Bianca produz imagens que ela gostaria de ver mais, buscando retratar a imagem da mulher à força e à sabedoria, fugindo da hipersexualização e subalternidade, geralmente muito presentes no retrato de mulheres. Assim, sua pesquisa aborda a intersecção entre memórias afetivas e tradições, visando à mulher na cultura popular brasileira.
Apesar de sua principal técnica ser a pintura, a artista também atua com muralismo, escultura, colagem, têxteis, desenho e outros. Tem como objetivo em seu trabalho contribuir para a formação de um novo imaginário sobre a mulher.
María Izquierdo
Nascida no berço do muralismo, a mexicana María Izquierdo, nascida em 1902, é considerada uma das mais famosas artistas do México da primeira metade do século XX. O estilo de María é centrado em cenas cotidianas, na religiosidade popular, retratos e naturezas-mortas. Seu trabalho foi fortemente influenciado pelo surrealismo e impressionismo. Foi uma das primeiras artistas mexicanas a expor seu trabalho nas galerias do exterior como, Estados Unidos, Chile e Peru.
“Me esforço para que minha pintura reflita o México autêntico que sinto e amo; eu evito cair em temas anedóticos, folclóricos e políticos porque ditos temas não têm nem força plástica nem poética e penso que no mundo da pintura, um quadro é uma janela aberta para a imaginação humana.”
Mag Magrela
Mag é artista multidisciplinar, muito conhecida por seus grafites e murais, apesar da pintura em telas ser uma de suas técnicas. A artista também trabalha com argila, assemblage, bordado, azulejaria, performance, poesia e música.
Seu trabalho é inspirado na cidade de São Paulo e trata de temas que perpassam a cultura brasileira, como a fé, o profano, o ancestral, o cotidiano, a resistência e o feminino. Suas obras estão espalhadas pelas cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Lisboa, Londres e Nova Iorque.
Mona Caron
Nascida em São Francisco (EUA) em 1998, Caron é uma artista e ativista especializada em murais de grande porte em espaços públicos. Iniciou a pintura de murais em sua cidade natal e seus trabalhos narram sua história local e futuros positivos.
Em 2006, a artista começou uma atividade que ela chamou de ” phytograffiti ” e depois criou uma série de vídeos em stop-frame de plantas selvagens crescendo no pavimento, em locais simbólicos para suas iniciativas sociais edificantes. A partir desse projeto, passou a dedicar sua arte a uma proliferação internacional de murais gigantes de “pequenas plantas clandestinas”, como forma de simbolizar e celebrar a ideia de resiliência.
Você conhecia alguma dessas mulheres? E, se você conhece aquela muralista que o mundo deve conhecer, comenta no nosso post do Instagram!