A gente é fã de carteirinha do ilustrador Marcio Moreno já faz algum tempo. Batemos um papo bem legal com ele em que abordamos vários pontos da carreira do cara.
Nesta entrevista, Marcio contou um pouco da sua história, de como é a vida de ilustrador no Brasil, sobre suas influências e referências, entre muitas outras coisas.
Então, confira esse material bem legal na íntegra:
Dionisio Arte: Primeiramente, queremos te dar os parabéns, pois seu trampo é demais! Conta um pouco da sua história como ilustrador… como tudo começou?
Marcio Moreno: Obrigado pelo convite, fico feliz em saber que gostam do meu trabalho, muito obrigado!
Eu sempre gostei de desenhar, mas não tinha a intenção de trabalhar com desenho. Fiz alguns cursos de desenho e design gráfico quando era adolescente e foi quando tive o primeiro contato com técnicas diferentes de desenho, computador, ilustração, etc.
Comecei fazendo arte-final para porta documento em uma fabriquinha… foi meu primeiro emprego e nessa época tinha 15 anos. Depois de uns anos, entrei em um estúdio que fazia bastante arte-final para brinde e algumas coisas de criação. Fui me interessando cada vez mais por desenho e artes em geral.
Em 2007, comecei a faculdade de artes visuais e fiz meu primeiro trabalho de ilustração. Aos poucos, meu desenho começou a evoluir e os trabalhos começaram a aparecer. Quando fui ver, já estava trabalhando com desenho.
DA: Como é viver somente das ilustrações? Com quais projetos você tem trabalhado, quais te agradam mais e quais efetivamente bancam essa profissão maravilhosa?
Marcio Moreno: É muito foda trabalhar com o que a gente gosta de fazer! Acho que todo mundo deveria buscar isso quando for pensar em uma profissão.
Gosto de pensar que vivo de desenho e não só de ilustração por que tento explorar um pouco de tudo que meu desenho alcança. Faço bastante ilustração, mas também dou aula, vendo alguns originais, vendo alguns produtos: zine, camisetas, adesivos e estou começando a tatuar.
Na verdade, faz pouco tempo que estou trabalhando sozinho no meu ateliê exclusivamente com desenho. Então, estou deixando rolar, provavelmente vou ter que me dedicar a poucas coisas futuramente, mas isso não me preocupa agora. Eu quero produzir bastante, continuar evoluindo meu desenho e trabalhando.
DA: Conta um pouco sobre as suas referências e influências. O que te inspira e quanto disso efetivamente faz parte do seu trabalho?
Marcio Moreno: Além de trabalhos de outros artistas, gosto de andar pela cidade e registar coisas que me interessam. Às vezes tiro foto, desenho, escrevo, coleto objetos.
Depois, vou reunindo tudo isso, organizando e aplicando no meu trabalho.
DA: Vimos que você também está fazendo tatuagens e achamos animal. Como é tatuar? As técnicas são muito diferentes em relação à ilustração?
Marcio Moreno: Eu sempre curti tattoo, mas não me imaginava tatuando. Porém, com a ideia de fazer só meus desenhos, fui me interessando cada vez mais e meus amigos do Lado B Estúdio, Don Rodrigues e Sapopa Ink, me ajudaram (e continuam ajudando) bastante nessa caminhada.
Eu acho difícil pra caralho, a pele é bem diferente do papel. A tatuagem depende de vários fatores para chegar em um bom resultado final.
DA: Além das ilustrações e das tattoos, você tem outros projetos em outras áreas de atuação?
Marcio Moreno: Geralmente, estou trabalhando em coisas que têm desenho envolvido. É difícil sair disso, e também nem quero. (risos)
O que estou fazendo um pouco diferente do que faço normalmente é uma HQ. Além disso, também estou começando a desenvolver uma marca para lançar uns produtos específicos que quero produzir.
DA: Algo que chama MUITO a atenção no seu trabalho é o seu traço. Fala um pouco sobre como você chegou nesse estilo? É algo que sempre curtiu fazer? Ele foi inspirado por alguma época, artista, ilustrador ou quadrinista?
Marcio Moreno: Foi meio que uma evolução natural. Eu sempre tive dificuldade de fazer desenhos realistas e tentava fazer um pouco de tudo.
Quando entrei na faculdade, comecei a pesquisar mais sobre desenho e experimentar bastante coisa. Foi aí que essas características começaram a aparecer e meu desenho começou a ganhar mais força. De lá pra cá, já mudou bastante coisa. No desenho, a gente nunca para de apreender. Então, sempre procuro praticar para continuar essa evolução.
É difícil citar apenas alguns nomes, mas vejo muita coisa de HQ, ilustração, desenho, design, tatuagem, skate, música e artes visuais em geral. Tudo isso acaba influenciando no meu desenho e na forma que vou construindo as imagens.
DA: Nós percebemos uma mensagem crítica à política e à sociedade em diversos dos seus trabalhos. Isso é só uma percepção nossa ou você realmente tem a intenção de transmitir alguma mensagem com suas ilustrações?
Marcio Moreno: Existe a intenção sim, mas não com o objetivo de levantar uma bandeira política, são apenas alguns pontos de vista.
Como busco muita referência em coisas do dia-a-dia ou em situações que estou vivendo, essas críticas acabam aparecendo naturalmente.
DA: Teria alguma pergunta que gostaria de responder e não fizemos?
Marcio Moreno: Não, acho que não! (risos)
Só gostaria de agradecer pela oportunidade, é bom saber que existem pessoas interessada no meu trabalho. Vida longa pra noix! Jah Bless!