Gosto de pensar que nossos olhos são como lentes de uma câmera. Nossa mente é como o cartão de memória e nós somos a câmera em si.

Ao longo da vida, colecionamos momentos que valem a pena. Num mesmo segundo, duas pessoas captam imagens diferentes. Um momento, duas imagens. Temos muitos questionamentos. Conforme vivemos, as perguntas surgem de forma natural e constante.
Qual o motivo, então, dessa diferença de recordações? Imagine que, assim como nenhum ser humano é igual a outro, não existe uma câmera igual a outra. Não existe uma lente igual a outra. São todas muito diferentes. A câmera captará aquilo que lhe é familiar e agradável. O que é agradável para um, não é necessariamente para o outro.
Certo dia, fui andar no Parque Ibirapuera. O dia estava se iniciando, eram 6h40 da manhã. O clima era ameno, o parque estava vazio e as luzes perfeitas. Cada pedacinho daquele lugar era mágico: bastava olhar com bastante atenção.
Naquele dia, tenho certeza que milhares de pessoas pisaram no mesmo lugar que eu. Milhares viram a mesma cena que eu, algumas podem até ter tirado uma foto, assim como eu. Entretanto, quantas serão iguais?
O jogo de luz, verde, outras cores e a sombra garantem um contorno magnífico à natureza.
Você olha, para e pensa: se a situação era a mesma, os objetos os mesmos e o dia era o mesmo, por que tanta mudança? É tudo uma questão de ponto de vista.
É estranho pensar o quanto somos influenciados pelo meio. O dia nublado tornou-se melancólico por convenção. Seus sentimentos influenciam diretamente o modo que você enxerga o mundo. Nunca duvide disso.
Deixamos de perceber alguns detalhes porque nosso dia não estava bom o suficiente. Não era um dia maravilhoso, talvez fosse até maravilhoso demais. Os extremos causam uma euforia ou uma falta de interesse. Se ainda quiser utilizar a metáfora, pense que cada câmera possui um computador interno que controla o que deve ser capturado ou não.
Não deixa de ser incrível. As diferentes percepções do mundo tornam-o o que ele é. Não há como negar a beleza. A diversidade é bela simplesmente porque ela é. Não existe justificativa por trás dela e nem deveria. Duas pessoas não tirarão a mesma foto, nem mesmo um grupo de dez, vinte ou mil. A reprodução delas nas mídias não tira a sua autenticidade.
Seja no chão, no alto de uma torre, em um carro em movimento, em um ambiente urbano ou campestre, o mundo está a sua disposição. Abra os olhos, inspire todo o ar que conseguir e solte-o lentamente.
Permita-se ouvir o som do seu próprio batimento cardíaco e deixe seu coração te guiar. Há uma infinidade de paisagens prontas para serem fotografadas. Elas só precisam que você esteja pronto para as enxergar.