Partes de corpos, órgãos e a natureza são alguns dos elementos que costumam marcar presença nas colagens surreais do artista David Delruelle.
A primeira vez que vimos uma obra de David Delruelle ficamos positivamente chocados, mas não sabíamos exatamente a razão disso. E demorou um pouco até nos darmos conta do por quê.
Somente após refletir bastante, chegamos à conclusão que isto aconteceu, pois o artista belga de 28 anos com base em Bruxelas compõe colagens altamente emocionais que exploram a agitação interna da humanidade.
Elas criam uma espécie de bagunça, de confusão dos reinos, misturando situações e locais diversos, mas que nos fazem refletir e lembrar de imagens que vemos no nosso dia a dia.
Dalruelle está sempre buscando por fontes para criar suas obras. É comum vê-lo em livrarias pequenas ou de segunda linha, assim como em brechós.
Ele procura por revistas e livros antigos ou fora de catálogo, pois gosta de dar uma “segunda vida” à estas publicações.
De acordo com o próprio Dalruelle, ele adora trabalhar com papel velho. Além de descobrir imagens de outras épocas, as cores e as texturas costumam ser bem interessantes.
O foco é encontrar imagens que encaixem-se em suas montagens ou que possam ser desmontadas ou reconstruídas. Pinturas e esculturas são os dois meios favoritos do artista.
A combinação costuma ser bem fora do comum, mergulhando com tudo no surrealismo. Ele mistura pessoas, lugares e objetos diversos, mas sempre colocando um toque contemporâneo.
O fato é que suas obras não são altamente conceituais e nem puramente instintivas. As colagens de Dalruelle nascem através de ideias inspiradas pelas suas próprias memórias ou reações à acontecimentos que são notícia e trazem consequências sociais para o mundo.
O jogo de imagens que ele utiliza é um grande desafio, pois a seleção para chegar ao resultado final das colagens é bem complicada e exige um trabalho altamente complexo.
Afinal, de acordo com a sua proposta, o artista trabalha com imagens completamente distintas, mas que no final das contas, precisam “conversar” e refletirem algo familiar.
Atualmente, Dalruelle não incorpora pinturas ou fotografias próprias nas suas colagens, porém esta é uma coisa que ele mesmo admite que pretende tentar no futuro.
O approach do artista no processo de criação é totalmente manual. Ele não utiliza recursos ou ferramentas digitais e todos os recortes e colagens são feitos à mão.
Os temas mais comuns que ele aborda são cenas em paisagens naturais, partes de corpos humanos e órgãos internos sendo expostos.
Ele explora a beleza e a grandeza da natureza, trabalhando com escalas, oposições e confrontos entre o homem e o mundo, que ao mesmo tempo é lindo e extremamente perigoso.
Esses opostos tão radicais que encontramos nas obras de Dalruelle podem ser entendidos como metáforas para sentimentos íntimos do ser humano, como o amor, o medo, a raiva e o desgosto.
David Daruelle é um dos grandes nomes da colagem contemporânea mundial e vale a pena conhecer o trabalho irado do cara. Pra saber mais detalhes, a gente recomenda que vocês confiram o Facebook dele que sempre traz muita coisa legal.