Quando falamos de stencil no Brasil, um dos primeiros nomes que vêm à nossa mente é o do grande artista plástico Celso Gitahy.
Formado pela faculdade de Belas Artes de São Paulo, o paulista Celso Gitahy é especialista no stencil, técnica da qual foi um dos pioneiros no nosso país.
Gitahy começou a se envolver com a street art lá no começo dos anos 80, quando desenhava e escrevia com canetas bic em banheiros públicos e ônibus coletivos. A partir daí, seu trabalho foi evoluindo até que passou a se envolver com o graffiti e o stencil, as técnicas que o tornaram conhecido nacional e internacionalmente.
Em suas criações, o artista procura transparecer a inspiração que tira da rotina e da vida caótica nas grandes cidades, o que pode ser visto na exposição Em Trânsito, que aconteceu em 2015.
Aqui, Celso apresentou diversas obras das mais variadas formas. Foram pinturas, instalações e objetos que estavam alinhados com o tema central da exposição.
Outro projeto do artista que a gente curtiu demais foi o Pet Machine, de 2009. Além do Brasil, esta expo passou também por outros países, como por exemplo a Austrália.
O objetivo desta mostra era evidenciar a obsessão do ser humano pelas máquinas em detrimento ao ser vivo, o que chega a ser algo insano. Vale ressaltar que, apesar de Pet Machine ter suas origens 8 anos atrás, o tema está mais atual do que nunca. Ousamos dizer até que ele é mais atual hoje do que na época em que a ideia foi concebida.
Celso procurou expressar a banalização da vida evidenciada pelo desrespeito dos homens com a fauna. Para isso, retratou genialmente diversos animais com seu corpo natural, mas com suas cabeças substituídas por peças de máquinas.
Entre os bichos que ele trabalhou estavam o cachorro, o pássaro, o golfinho, o macaco, o tigre, o lagarto, o canguru e o diabo da Tasmânia. Tudo isso foi feito em stencil em tons de preto, branco e cinza, mas com toques de outras cores.
Outro marco da carreira de Celso Gitahy (e da street art no Brasil) foi o lançamento do livro “O que é Graffiti”, publicado pela editora Brasiliense em 1999.
Nesta obra, o artista retratou sua vivência com o graffiti e o stencil, além de também permear outras formas de arte como desenhos, pinturas, colagens, instalações e produção de textos.
Sobre o livro, separamos uma citação bem legal do próprio Celso que resume bem o espírito do projeto:
“O graffitar que se difunde da forma intensa nos centros urbanos é uma forma de expressão artística e humana. É impossível dissociá-la do princípio da liberdade de expressão. Tem como suporte para sua realização não somente o muro, mas a cidade como um todo. Postes, calçadas e viadutos são preenchidos por enigmáticas imagens, muitas vezes repetidas à exaustão, característica herdada do pop art. São posturas diferentes, com resultados plásticos diferentes. O graffiti aceita dialogar com a cidade de forma interativa, tanto que ao deixar o número do telefone assinalado, fica cara a cara com o proprietário do espaço. Talvez, um dia, todo centro urbano, apesar de caótico, possa se tornar uma grande galeria de arte a céu aberto.”
Enfim, durante toda a sua carreira, o artista sempre procurou mostrar o reflexo social do povo através da sua arte. Se focarmos no Brasil, veremos claramente que ele retrata um povo oprimido e que é constantemente desrespeitado sendo privado de direitos básicos que qualquer ser humano deveria ter acesso, como a falta de trabalho e de habitação, a saúde, a educação, a cultura e o lazer.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Celso Gitahy ao longo dessas 3 décadas em que se consolidou como um dos pioneiros do stencil no Brasil, acompanhe-o no Instagram, Facebook e Flickr.