A parceira entre o grande Alan Moore e Brian Bolland gerou um resultado espetacular dentro do mundo mais sombrio das HQs. O post de hoje mostrará o quanto um dia ruim pode impactar na história da humanidade
Pergunte a alguém quais são as melhores histórias do Batman já escritas e você ouvirá algumas respostas clássicas como “Cavaleiro das Trevas” e “Ano Um” de Frank Miller, “Asilo Arkham” de Grant Morrison, “O Longo Dia das Bruxas” de Jeph Loeb, e mais recentemente, “A Corte das Corujas” de Scott Snyder.
Porém, existe uma HQ que também entra nessa lista, que é considerada por muitos a melhor história do Coringa de todos os tempos. Ela foi publicada pela DC Comics em 1988, escrita por Alan Moore e desenhada por Brian Bolland.
Estou falando de “A Piada Mortal”, uma HQ fora do comum e extremamente perturbadora.
A princípio, ela foi lançada como “elseworld“, ou seja, fora do universo principal da editora. Mas isso ficou só no papel, pois todos que acompanharam a saga de Arkham e o universo das HQs perceberam que Moore e Bolland foram além e configuraram um personagem aterrorizante, dando ainda mais vida à momentos chocantes.
Foi uma verdadeira limpa na exploração de um personagem que nunca teve sua identidade revelada, o Coringa.
E esse é o ponto… quando falamos de Alan Moore, falamos em “V de Vingança”, “Watchmen”, “O Monstro do Pântano” e outros clássicos, sempre com uma pegada macabra… a grande característica deste monstro das HQs. Aliás, em breve farei um post especial totalmente dedicado às obras do artista. Seu estilo é inconfundível e, nesse caso, a parceria com Bolland e seus traços pesados só tornaram a história ainda mais sombria.
Voltando a falar de “Batman: A Piada Mortal”, o que poderia ter criado o Coringa?
Bruce Wayne já havia dito em uma outra história que ele era apenas um homem. Porém, o truque usado por Moore e Bolland vai mais além. Ok, já sabemos que ele caiu em um tanque com ácido químico, mas este não é o elemento principal da sua criação.
Os autores mostram que tudo ia bem na vida do vilão, até que ele tem 24 horas de puro desastre onde tudo dá errado e ele desmorona. Há uma tragédia na sua família, ele foi enganado e tudo desandou completamente dentro dessas 24 horas… e aí, depois de passar por diversas situações… aí sim, ele caiu no ácido da ACE Chemicals.
Logo, os artistas criaram um enredo em que o Coringa em si é fruto da última gota d’água de uma série de acontecimentos negativos.
Alan Moore é perturbador, um verdadeiro gênio das HQs, capaz de criar roteiros alucinantes. Ele fez uma parceria excepcional com o maestro Brian Bolland que, com seus traços densos e marcantes, conseguiu tornar a história ainda mais sombria e macabra.
Seguindo essa linha dark, eles destrincharam a essência do personagem e detalharam o momento exato em que ele entra para a vida do mal. Mas o interessante é que o clima criado pelos autores é tão pesado que o elemento mais perturbador da história são as reviravoltas no processo de criação do personagem. Um trabalho de ilustração impecável e sensacional!
O negócio é tão complexo que, no final, você irá se debater por muito tempo (muito MESMO) sobre o que de fato aconteceu. Será que o Batman virou do mal? Será que o Coringa esteve sempre certo? Será que a loucura é vista da forma certa pelos olhos alucinados do vilão? Isso meus caros, é Allan Moore e Brian Bolland!
“Batman: A Piada Mortal”, para uma grata e excelente surpresa, também sairá nas telonas com estreia prevista para o dia 2 de agosto em serviço digital. Mas uma coisa eu te adianto: “All it takes is one bad day…”
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DICA:
Normalmente, eu dou sempre uma dica simples de HQ para começar e conhecer a histórioa. Porém, “Batman: A Piada Mortal” já é um arco fechado e não tem continuação, pelo menos revelada oficialmente.
Portanto, se você gosta do personagem e quer uma experiência que vai além dos sentidos de leitura, tenha a edição de luxo, capa dura. Pode ter certeza, você vai deixar ela a mostra pra todo mundo ver! Essa obra prima de Alan Moore e Brian Bolland vale cada centavo investido e cada respiração presa.