Direto da zona sul da capital paulista surgiu Giuliano Pietrobon, mais conhecido como Alemão na cena da arte de rua de São Paulo. Seu personagem se tornou tão icônico que já foi completamente incorporado às paisagens da Selva de Pedra.
Batemos um papo bem legal com o Alemão para saber como ele e da onde surgiu a ideia de criar seu personagem, quais são as influências do cara, como ele começou a se interessar pelo graffiti, as diferenças do seu trampo nas ruas para as galerias, entre outras coisas.
Confira a entrevista completa abaixo:
Dionisio Arte: Você criou um personagem super conhecido nas ruas de São Paulo. Como e da onde surgiu a ideia de criá-lo?
Alemão: Num primeiro momento, a intenção era encaixá-lo em todo lugar quadrado que eu visse… caixas telefônicas, portas, etc.
Então, comecei desenhando um quadrado numa folha de papel, puxei as sombrancelhas, olhos e tal… e daí ele foi se formando. Mas, claro, o primeiro de todos ficou uma aberração! (risos)
DA: Quando você começou a grafitar e como surgiu o interesse pela arte de rua?
Alemão: Ando de skate desde os meus 11 anos de idade, sempre frequentando ruas e pistas em que o graffiti está presente. É inevitável não fazer um rabisco em alguma rampa… até quem não faz graffiti ou picha, já pichou uma pista de skate.
DA: Seu trabalho nas telas geralmente é completamente diferente do que você cria no graffiti. Qual a diferença entre trabalhar nas ruas e em um atelier?
Alemão: Sim, tento diferenciar bastante meu graffiti de rua para minha arte, apesar de ter elementos que sempre uso nas telas ou em artes que faço em apartamentos.
Mas, na rua é praticamente sempre a mesma cor, enquanto procuro usar mais cores nas minhas artes.
DA: Você se formou em design gráfico. A sua formação acadêmica influencia ou já influenciou sua arte em algum momento?
Alemão: Na verdade, eu escolhi o design por sempre gostar de criar e achava que trabalharia numa área que eu curto. Mas, na prática, foi totalmente o contrário. O graffiti foi quem realmente me ajudou a me formar, pois entrei na faculdade com uma cabeça diferente, sem medo de usar meu estilo nos trabalhos.
Sobre a faculdade, é uma longa história. Fiz 2 anos e tranquei há 12 anos… eu não tinha a mesma cabeça, os professores sempre debatiam os meus trabalhos por que eu usava minha linha de raciocínio e de criação e isso acabou me desanimando. Somente após 8 anos eu voltei a estudar e deu certo. Quando você é mais velho, sua cabeça funciona melhor para os estudos.
DA: Sua versão do Bob Esponja é sensacional. Como você teve a ideia de mesclar o seu personagem com o desenho da Nickelodeon?
Alemão: (risos) Muita gente gostou desse Bob Carranca… também acabei criando vários outros personagens, mas nunca levei eles para os muros.
A ideia do Bob surgiu em uma época em que eu fazia a Carranca com as pernas. Daí, um amigo olhou e brincou: “bem loko esse Bob Esponja” (risos). Então, foi nesse momento que tive a ideia de unir os 2 personagens em um só.
DA: Quais são as suas principais influências dentro e fora do graffiti?
Alemão: No graffiti são os caras que sempre pintaram comigo. O Finha, Rocha, Anão… devo muito à esses caras!
Já fora do graffiti, tem vários grandes artistas do impressionismo e meu tio também, que sempre foi um artista fodido (Gilberto Salvador). Cresci vendo muita coisa dele!