Quem curte quadrinhos de qualidade, certamente já conhece o trabalho de Pablo Carranza. Nessa entrevista, ele falou sobre várias coisas como o início da carreira, suas referências, entre outros temas.
Pablo Carranza é um verdadeiro clássico dos quadrinhos brasileiros. O trabalho desse sergipano pode parecer ofensivo para alguns, mas o humor que ele coloca nas suas criações é genial!
Enfim, conheça mais sobre Carranza nessa troca de figurinhas bem legal que fizemos com o cara.
Dionisio Arte: Para iniciar essa entrevista, conta um pouco sobre quem é você e qual a sua história. Como você começou a ilustrar, fazer zine e quadrinhos!?
Pablo Carranza: Sou nascido e crescido em Aracaju, mas moro no Rio há 5 anos. Até onde eu me lembre, sempre me interessei por quadrinhos, principalmente a revista MAD. Digamos que ela foi a minha “formação”.
Comecei a desenhar desde guri. Lembro-me de fazer quadrinhos durante as aulas na escola, sendo que eu sempre usava 2 canetas, uma preta e uma vermelha. Fazia a história toda de preto, depois vinha com vermelho enchendo de sangue. Era a parte que eu mais gostava. Mas era sempre só por diversão, nunca pensei em continuar fazendo isso quando fosse adulto.
Foi só mais tarde, quando eu conheci os quadrinhos do Crumb (logo depois a Chiclete com Banana e Allan Sieber), que me dei conta de que era isso o que eu queria fazer. Comecei a fazer um zine e a mandar meus quadrinhos toscos por aí. Na época (acho que em 2007) publiquei na revista MAD e comecei a publicar tirinhas num jornal de Aracaju.
DA: Conta um pouco sobre as suas referências, tanto nacionais quanto internacionais.
Pablo Carranza: Antes, como falei, eram MAD, Crumb, Angeli, Allan Sieber, Ota, Marcatti.
Hoje em dia curto muito o Simon Hanselman, Johnny Ryan, Mike Diana, Peter Bagge, Joan Cornella, etc.
DA: Eu vi que você ilustrou a primeira edição Lasca de Quirica junto com o Marcatti. Conta um pouco como foi essa experiência.
Pablo Carranza: Ele me chamou pra fazer 2 páginas pro Lasca. Obviamente eu topei. Mas, depois, eu estava bem ocupado terminando a SMEGMA #3 e ele me pediu mais 2 páginas.
Não tive tempo de fazer nada inédito e tive que mandar um quadrinho já publicado. Marcatti é um ídolo, foi foda ele ter me chamado.
DA: Sua revista SMEGMA é muito foda. Como está sendo o trabalho de criá-la?
Pablo Carranza: Ela não chega a ser um TRABALHO por que não ganho dinheiro com ela. Ela faz o suficiente pra se manter sozinha e isso era o que eu queria desde o começo. Me divirto fazendo a SMEGMA.
Antes, eu tava fazendo em soltar ela semestralmente, não importava o que acontecesse. Tipo, me matei pra publicar a SMEGMA #3 no prazo que eu mesmo estabeleci. Depois disso, me toquei que prazos são estúpidos. Não consigo me divertir se eu TIVER que fazer algo.
Então, tô fazendo a SMEGMA #4 no meu tempo e, por isso, tá demorando um pouco mais. Alguém se importa? Não. Todos os lados ganham.
DA: Como está sendo a aceitação sendo que você fala o que quer sem se importar com a opinião dos outros?
Pablo Carranza: Muita gente gosta e muita gente odeia. Muitos quadrinistas brasileiros “gênios” falam mal e nunca leram, e por aí vai. As mensagens que me mandam falando mal, eu publico na sessão de cartas da revista por que eu acho hate mails engraçados.
DA: Teve alguém que ficou muito irritado com alguma HQ sua?
Pablo Carranza: Dos autores que eu parodiei, como Fabio Moon e Gabriel Bá, Vitor Caffagi, Armandinho, Carlos Ruas, etc, achei que todos ficariam putos comigo, menos o Laerte. Achei que ela iria curtir.
Mas, para minha surpresa, ela foi a única que ficou puta. Me mandou um e-mail reclamando e tal. Acho que ela não entendeu muito bem. Não foi nada pessoal, obviamente.
DA: O que significa “SMEGMA”?
Pablo Carranza: É um tipo de queijo.
DA: Uma curiosidade enorme que temos é como você faz para ter criatividade para criar tantas histórias? Como é esse processo de criar tanto a história quanto os personagens?
Pablo Carranza: Algumas histórias eu crio a partir de alguma ideia ou alguma piada. A partir daí vou desenvolvendo em torno disso, meio que no freestyle.
Em outros casos, elas já vêm meio que prontas na cabeça. Geralmente, a inspiração vem de algum quadrinho ou desenho animado que eu tô vendo.
DA: Conta um pouco como é sua rotina. Dá pra perceber que sua produção é frenética. Você está focado só na SMEGMA ou continua fazendo ilustrações freela e escrevendo em outras revistas?
Pablo Carranza: Geralmente, na parte do dia, eu trabalho nos freelas de ilustração (se tiver algum) e, de madrugada, fico produzindo material pra SMEGMA.
Eu não saio muito, aí dá pra economizar dinheiro e ter alguma produção. Atualmente, eu estou focado totalmente na SMEGMA e não costumo participar de outras revistas.
DA: Por fim, você esta envolvido em outros projetos além da SMEGMA?
Pablo Carranza: Hm, acho que não. Eu estou, aos poucos, e com ajuda de minha namorada, montando uma SMEGMA em inglês.
Vai ser um compilado meio “best of” de histórias que façam sentido em inglês pra vender na gringa. Mas isso não tem previsão pra sair. Espero que seja no ano que vem.
A SMEGMA COMIX #1 está disponível para download e para ler online AQUI.
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