O artista Fabio de Oliveira Parnaiba, mais conhecido como Cranio, é um dos nomes mais importantes do grafite brasileiro, especialmente por trabalhar com elementos típicos da nossa cultura.
Cranio nasceu na zona norte de São Paulo em 1982, mas foi somente na sua adolescência, aos 16 anos que começou a desenvolver seus primeiros trabalhos.
Ele próprio considera que suas raízes foram a principal motivação para começar a pintar. O meio onde nasceu e cresceu foi uma grande inspiração e, de certa forma, é retratado nas suas obras até hoje.
Os murais e criações de Cranio sempre apresentam índios como personagens principais, sempre apresentando-os de forma muito criativa e divertida. Eles tornaram-se a sua marca registrada e são um ícone inconfundível e genial criado pelo artista brasileiro!
Os índios sempre aparecem em situações engraçadas e inusitadas, fazendo com que os espectadores reflitam sobre questões como consumismo, sustentabilidade e os rumos que a sociedade atual vem tomando.
As linhas e traços usados nos índios são bem marcantes e evidenciam o estilo próprio que o grafiteiro desenvolveu ao longo de sua carreira. A cor escolhida para representar os personagens, o azul, também tornou-se outra característica de Cranio. Os personagens são bem vibrantes e tornam a arte prazerosa de se admirar.
Quando estes elementos são combinados com as situações atípicas que são retratadas, as criações do artista tornam-se praticamente impossíveis de passarem despercebidas, instigando e chamando a atenção do observador, atingindo o objetivo de agir como uma espécie de manifesto para a sociedade.
A ideia do artista ao criar este personagem veio da tentativa de encontrar algo que fosse a cara do Brasil tanto no aspecto figurativo quando no comportamental. E convenhamos, não há figura mais característica do nosso país do que os índios, que aqui habitavam quando fomos colonizados.
O mais incrível é que o conceito permanece atual, pois os índios na cidade representados pelo grafite são um grande contraste com a sociedade atual. O mesmo cenário que os portugueses encontraram quando pisaram no Brasil pela primeira vez.
O contexto onde a figura é inserida também faz relações à “cara do Brasil” de hoje em dia, abordando temas como desigualdade, cegueira política e preconceito. Ou seja, a escolha de Cranio não poderia ter sido melhor.
Entre suas principais influências estão desenhos animados e o pintor espanhol Salvador Dalí, considerado um dos maiores (se não o maior) ícones do Surrealismo de todos os tempos.
E já que falamos nas influências de Cranio, é bem comum vê-lo brincar com elementos surreais em suas criações… e é justamente isto que dá o ar crítico, reflexivo e até filosofal para seus grafites.
Um trabalho recente do artista que ficou simplesmente sensacional foi a mistura que ele fez entre o seu personagem tradicional com a famosa franquia de games Assassin’s Creed.
O resultado é um mural pintado num prédio localizado no bairro da Vila Mariana, zona sul de São Paulo.
Foi a primeira vez que ele pintou a mais de 20 metros de altura… e ficou cabuloso! Neste mural, Cranio pintou seu clássico índio azul vestindo um capuz típico dos personagens de Assassin’s Creed.
O índio segura uma gravata na mão, que possui uma mensagem por trás da imagem. A simbologia em questão, representa a corrupção e o contexto da obra representa a vontade de eliminá-la. O vídeo abaixo mostra um pouco mais sobre este projeto animal.
O artista ganhou reconhecimento internacional devido ao seu talento e estilo único, sendo prestigiado em vários países.
Além da capital paulista, é possível encontrar os trabalhos de Cranio espalhados pelas ruas de diversas cidades ao redor do mundo, como por exemplo, Londres, Los Angeles, Liverpool e Berlim.
Enfim, Cranio é mais um nome super forte que espalha sua criatividade e sua arte pelas ruas do mundo.
Confira mais algumas obras primas da street art criadas pelo artista brasileiro:
Os Índios somos nós, Cranio Arte
