Quando o assunto é o graffiti nacional, não tem como a gente não falar do projeto Sampa Graffiti. A iniciativa é muito legal e lançou recentemente mais um episódio.
Esse projeto tão legal da arte de rua brasileira foi idealizado e concebido por Paulo Taman. Nós trocamos uma ideia bem legal com o cara e você pode conferir como foi esse bate papo abaixo.
A série terá seu 20º episódio lançado em breve e você pode assistir os outros 19 capítulos AQUI. E agora, vamos à entrevista:
Dionisio Arte: O seu projeto “Sampa Graffiti” é cabuloso. Conta um pouco sobre como ele começou e da onde surgiu essa ideia.
Paulo Taman: Obrigado! Não sou grafiteiro. Na verdade, eu trabalho com edição de documentários e programas para TV, mas sempre gostei de arte, especialmente de graffiti.
A vontade de fazer algo relacionado à street art já existia desde 2006, quando tive a ideia de fazer um documentário sobre o tema. Fazendo pesquisas em busca de referências e possíveis personagens, li sobre o artista Vado do Cachimbo e vi que ele poderia ser um dos entrevistados. Naquela época, não segui adiante com o projeto, mas continuei com a intenção de fazer algo relacionado a graffiti.
Em janeiro de 2010, em uma visita ao Beco do Batman, na Vila Madalena, em São Paulo, para gravar imagens do local, coincidentemente, encontrei o Vado, que estava lá fazendo um trabalho. Gravei a realização da obra e fiz uma entrevista com ele. Só depois que editei o material que havia gravado, percebi que aquilo tinha potencial. Surgiu ali o primeiro episódio do projeto.
DA: Como foi acompanhar e gravar com os grafiteiros de SP? Você conseguiu absorver bem a energia das ruas a essência do graffiti? Durante esse período, rolou alguma experiência que foi marcante?
Paulo Taman: A experiência de acompanhar os artistas e ver pessoalmente como uma obra de graffiti nasce é muito bacana. Ainda mais pra mim que sempre admirei essa modalidade artística.
Ao ver os caras pintando, dá para entender por que pintar na rua é algo tão viciante. O contato com as pessoas, o barulho dos carros, os riscos envolvidos, os imprevistos… tudo isso faz com que o processo de pintar na rua seja muito instigante e prazeroso. E o graffiti é efêmero, ou seja, o artista, depois que termina a obra, não tem nenhuma garantia de que o trabalho permanecerá no local.
Para mim, o registro de um trabalho de graffiti, seja através de um vídeo ou de uma foto, é importante por que a obra continua existindo, mesmo que ela tenha sido apagada no local onde foi feita. Tiveram algumas experiências marcantes, mas eu poderia citar o dia em que gravamos a obra do Feik que pintou uma Kombi abandonada que era a casa de um morador de rua. Ver a alegria do sujeito quando viu a obra pronta foi legal de ver.
DA: Existia algum critério especial para escolher os artistas do projeto?
Paulo Taman: O traço do artista é muito importante na escolha para a produção de um episódio, mas, acima de tudo, o que busco são boas reflexões sobre graffiti e arte em geral.
Então, para mim, não importa se o grafiteiro é famoso ou não. Se o estilo do traço agradou e o artista revelou, durante a gravação, que tem um bom embasamento para falar do seu trabalho e uma visão de mundo interessante, o trabalho foi bem sucedido. E isso aconteceu em todos os episódios.
DA: O “Sampa Graffiti” terminou ou você ainda pretende gravar o episódio 20? Se sim, tem algum (ou alguns) artista(s) em mente?
Paulo Taman: Como faço tudo sozinho desde a gravação até a edição final, não consigo ter uma periodicidade de lançamento regular, mas o episódio 20 deve sair em breve.
O artista já foi convidado e a gravação foi agendada. Logo mais vocês vão poder conferir!
DA: Você também curte à arte indoor ou só a street art mesmo? O que acha dos grafiteiros que “migram” para as galerias?
Paulo Taman: Gosto muito de arte em geral, seja na rua ou em museus e galerias. Acho que pintar telas para expor em galerias é um processo natural para muitos grafiteiros desenvolverem seus trabalhos e atingir públicos diferentes.
Graffiti é na rua, na galeria o artista expõe obras de artes plásticas que podem ou não ter a ver com o que fazem nas ruas. Acho válido e importante pintar em diferentes suportes para diferentes públicos.
DA: Fora isso, tem algum outro projeto em mente?
Paulo Taman: Tenho sim, mas está em desenvolvimento.
O 20º episódio do SAMPA GRAFFITI está para ser lançado, mas vale a pena ver também o vídeo mais recente que o Paulo soltou semana passada.
Trata-se do terceiro vídeo de uma outra série bem legal dele chamada “O Beco ao Longo do Tempo”, mostrando a evolução de um dos pontos mais clássicos da street art de SP, o Beco do Batman, ao longo dos anos. Confira abaixo:
[su_youtube url=”https://www.youtube.com/watch?v=3u3kXsj8kc8&feature=youtu.be”]FOTO[/su_youtube]
Antes de finalizar, precisamos destacar uma notícia muito legal envolvendo o Sampa Graffiti. O projeto foi selecionado na categoria “Melhor Roteiro de Não Ficção” no festival de webseries Rio WebFest 2016 que vai rolar de 1 a 4 de dezembro deste ano!
Boa sorte ao Paulo Taman e ao Sampa Graffiti!