O fotógrafo Gustavo Minas é um dos melhores fotógrafos brasileiros da atualidade, sendo considerado um dos grandes nomes do mundo na categoria street photography.
Como a gente é fã do trabalho do cara, convidamos este mineiro para bater um papo com a gente em que ele contou um pouco das curiosidades sobre a sua profissão, suas inspirações, os projetos que participa, entre muitas outras coisas.
Confira como foi essa conversa bem legal abaixo:
Dionisio Arte: Quais são suas influências em termos fotográficos? Quais são os fotógrafos que te inspiram?
Gustavo Minas: Minha maior influência foi o Carlos Moreira, um mestre com quem estudei por um ano, em 2009. E digo isso não só pela fotografia, mas pela atitude dele em relação à fotografia.
Durante o curso, ele me mostrou fotógrafos que, visualmente, acabaram me inspirando bastante, como Georgui Pinkhassov, Harry Gruyaert, Saul Leiter…
DA: Conta pra gente mais detalhes sobre o equipamento que você usa.
Gustavo Minas: Agora tô com uma Fuji X-Pro1 e duas lentes: uma 27mm (que na Fuji é uma 40mm) e uma 18-55mm (ou 28-85mm).
Tô gostando muito das cores do arquivo e do tamanho da câmera da Fuji, mesmo com o pequeno atraso que ela tem no disparo.
DA: Além da fotografia, tem algum outro tipo de arte que inspira (graffiti, ilustrações, pinturas, colagens, etc)?
Gustavo Minas: Tem um pintor específico que eu gosto muito, principalmente pela melancolia dos quadros e pelo jeito que ele trata a luz, o Edward Hopper.
DA: Você é do interior de Minas Gerais, mas já morou em São Paulo e agora está em Brasília. Estes lugares influenciaram na criação dos seus trabalhos?
Gustavo Minas: Cada lugar afeta a fotografia de um jeito diferente, sem dúvida. Comecei em São Paulo, e lá eu acabava fazendo uma fotografia de rua complexa como a cidade, cheia de camadas, várias coisas acontecendo, meio caótica. Se bem que, em algumas fotos, ainda rola um silêncio.
Em Minas, era outro esquema, bem mais simples, meio contemplativo. Aparecem muitas casas coloridas de bairro que parecem uns desenhos infantis. Brasília tem sido uma mistura dos dois, acho.
DA: Fala um pouco sobre os coletivos que você faz parte: o SelvaSP, o Flanares e o Vivo.
Gustavo Minas: Fotografia de rua ou autoral é geralmente uma obsessão pra quem faz, e é muito bom poder compartilhar essa paranoia (risos).
Com o pessoal do Vivo, o contato é mais virtual, infelizmente, por que são grandes fotógrafos.
O Selva surgiu em 2012 e logo se tornou uma família, com todo mundo muito próximo, nos mesmos rolês. Porém, no último ano, por circunstâncias da vida, fomos nos distanciando um pouco, mas o núcleo ainda existe.
Já o Flanares tem uma troca bacana também, muito pelo Facebook, mas vira e mexe alguns dos membros se encontram. Vamos tocando o barco.
DA: A gente adora as cores que você consegue captar nas suas fotos. O quão trabalhoso é esse processo?
Gustavo Minas: É simples, na real. É tudo uma questão de luz, de fotografar “na hora boa”.
Sobre o tratamento, resolvo a maioria com um preset que criei com meus ajustes, mais alguma mexidinha em cada foto. Tudo no Lightroom. Uso Photoshop muito de vez em quando.
DA: Quando foi que você decidiu trabalhar especificamente com “street photography” e por quê escolheu este estilo?
Gustavo Minas: Cara, não foi uma decisão consciente. Acho que em 2009 esse termo “street photography” nem tinha dado essa bombada ainda. Mas, sair pra rua pra fotografar foi um caminho meio natural pra mim, por vários fatores.
Primeiro, pelas fotos do Carlos Moreira do centro de São Paulo na década de 60, que eram muito inspiradoras e me fizeram querer percorrer aquele caminho. Segundo por que eu havia me mudado pra São Paulo havia menos de dois anos, e fazer foto de rua era um jeito de conhecer e desbravar a cidade.
E também pelo fato de que eu gosto de andar sozinho, pra mim funciona como uma forma de meditação, pra esvaziar a cabeça.
DA: Como é viver de fotografia no Brasil? Além do seu estilo característico, você também trabalha com ensaios de modelos ou outros tipos de sessões fotográficas mais comerciais?
Gustavo Minas: Essa eu não sei te responder por que ainda trabalho como jornalista pra pagar as contas. Vira e mexe aparecem freelas de foto, é bom pra sustentar o vício e pra poder viajar.
Geralmente, quem me chama é gente que vê minhas fotos pessoais e quer que eu faça um casamento, uma pauta ou retratos, e eu até faço, mas acho que um profissional talvez faça melhor.
Meu negócio é a rua, é ter liberdade pra fazer a foto que eu gostaria de ver.
DA: Quais são os seus projetos atuais e planos para o futuro?
Gustavo Minas: Parece bobagem, mas não vejo a hora de me aposentar pra poder dedicar o tempo que eu quiser à fotografia pessoal. Sabe velhinho que passa o dia jogando xadrez na praça? Vou ser tipo isso, só que fotografando (risos).
Mas falando sério, claro que um dia gostaria de publicar um livro, essas coisas. Mas fotografar todos os dias já me satisfaz bastante.