Butcher Billy é um dos ilustradores que a gente mais curte na atualidade com um estilo único que mescla o pop art com elementos e personagens conhecidos da cultura popular.
Convidamos o cara para trocar uma ideia com a gente em que ele contou um pouco sobre a sua carreira, a origem do seu nome artístico, suas influências, projetos futuros e por aí vai.
A entrevista completa ficou bem legal e você pode conferir abaixo:
Dionisio Arte: Da onde veio o nome artístico Butcher Billy?
Butcher Billy: O nome veio do meu tataravô que foi um açougueiro irlandês que se uniu ao IRA na luta contra o exército britânico, no conflito armado da Guerra da Independência da Irlanda em 1919.
Entre os soldados, seu apelido se manteve como “The Butcher” por participar dos confrontos empunhando seus cutelos, aparatos de cozinha e até mesmo as vestimentas. Com fama de cruel e impiedoso, ele esteve envolvido diretamente no evento conhecido como “Domingo Sangrento”.
Temendo a retaliação tanto do governo britânico quanto da polícia real irlandesa, ele entrou clandestinamente em um barco, aonde acabou viajando o mundo usando suas habilidades na cozinha. O barco veio parar no Brasil, onde meu tataravô resolveu se exilar e seguir sua vocação de açougueiro, trazendo para o país a sua especialidade, que eram os cortes de bacon.
DA: Você chegou a estudar arte / design ou é autodidata?
Butcher Billy: Acho que sempre fui viciado em desenhar, desde a primeira vez que consegui segurar um giz de cera com as mãos.
Era minha brincadeira preferida, junto com jogar videogame, e foi responsável por eu ser sempre o último a ser escolhido pro time de futebol e por me colocarem em campo na posição que atrapalhasse menos.
Na adolescência, meus pais, vendo essa minha aptidão, me arranjaram a melhor atividade que poderiam pensar: aulas de pintura à óleo, daquelas em que se pintam vasos de flores e paisagens. Na primeira exposição que a professora organizou, meu quadro era um gárgula pop art sobrevoando uma cidade com prédios 2D em um céu amarelo. Logo viram que não era bem isso à que eu deveria me dedicar e foi quando resolvi ingressar na faculdade de Design Gráfico.
DA: Como e por que você resolveu a trabalhar com os mash ups?
Butcher Billy: Comecei há poucos anos atrás motivado por pura frustração profissional, buscando apenas um projeto paralelo, que fosse uma maneira de me expressar criativamente de uma forma mais pessoal.
Resolvi reunir tudo que sempre me influenciou e me motivou na minha carreira como designer – dentro de segmentos como arte, música, cinema, quadrinhos, games, etc – e passei a lançar séries que misturavam isso tudo de formas criativas e conceituais na web.
Eram projetos de design com uma embalagem de cultura pop. De lá pra cá, o tal projeto paralelo cresceu tanto que atropelou tudo e tomou parte central na minha vida.
DA: Entre as várias séries que você já criou, tem alguma que é a sua favorita? Se sim, por quê?
Butcher Billy: Tudo que eu crio como Butcher Billy tem referências e inspirações que me interessam em algum nível, mas a série Post-Punk Super Friends talvez seja a mais pessoal, por misturar tudo que eu mais gosto dentro do gênero musical que mais me agrada com tudo que me é mais icônico nos quadrinhos.
Esse conceito acabou virando minha marca registrada e é pelo que mais sou conhecido na internet.
DA: Da onde vem a inspiração para mesclar os ícones, personagens e artistas?
Butcher Billy: Consumir muita cultura pop de fontes bem variadas geralmente acaba me trazendo ideias malucas de uma maneira até que natural.
DA: Conta um pouco do seu processo criativo. Você demora quanto tempo em média para finalizar cada trabalho?
Butcher Billy: Eu tenho um defeito, que é não ser muito paciente. Gosto de ser bem dinâmico com o meu tempo.
Um trabalho comissionado geralmente vai me tomar dias por que precisa de revisões e atualizações diversas, mas se for um projeto pessoal meu, eu não gosto de levar mais do que um dia pra finalizar cada peça.
Enquanto a execução é rápida, o que me toma mais tempo é a concepção de uma ideia na minha cabeça. Isso pode tomar semanas até que eu sinta que imaginei a maneira certa de colocar aquilo em prática. Só aí é que eu vou sentar e executar.
DA: Seu trabalho com os lambe-lambes também é bem legal. Da onde surgiu a ideia de sair pelas ruas espalhando a sua arte?
Butcher Billy: Meu trabalho é 100% digital e sempre fico pensando em maneiras de expandir isso. Tenho uma influência muito forte de street art, então os lambe-lambes acabaram vindo de uma maneira muito natural.
Mas não quer dizer que eu seja lá muito bom nisso. Demorou bastante até eu conseguir fazer a mistura certa pra cola caseira.
DA: Quais são as suas principais influências? Elas são as mesmas desde a época que você começou até hoje em dia?
Butcher Billy: Curiosamente, eu não sou influenciado apenas por artistas ou desenhistas, mas por uma seleção um tanto irregular que inclui cineastas, managers, músicos, escritores e criadores de maneira geral.
São eles: Stanley Kubrick, Salvador Dali, David Bowie, Jack Kirby, Shigeru Miyamoto, Roy Lichtenstein, Quentin Tarantino, Charles Bukowski, Toulouse-Lautrec, Tony Wilson, Robert Crumb, Rene Magritte, Tim Burton, Malcom McLaren e, é claro, Andy Warhol. Mas essa lista muda de semana para semana.
DA: Tem novos projetos ou exposições em vista? Conta um pouco pra gente.
Butcher Billy: Atualmente, estou com várias peças expostas em uma galeria de Lisboa.
Em dezembro, participo de uma exposição em Miami e, em janeiro, entro com 2 peças exclusivas em um evento do London Underground, em Londres.
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