Entrevista: Chico Castro

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Chico Castro é um dos fotógrafos mais experientes e qualificados do Brasil quando o assunto é nu artístico. Seu trabalho autoral é simplesmente maravilhoso e possui muita personalidade, o credenciando como um dos melhores profissionais do país.

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Trocamos uma ideia com o Chico onde ele falou sobre a sua carreira como um todo, suas influências, como desenvolveu o estilo que trabalha atualmente, entre muitos outros pontos.

Confira esse bate papo bem legal abaixo:

 

Dionisio Arte: Conte-nos um pouco sobre a sua história como fotógrafo e como foi seu primeiro contato com a arte.

Chico Castro: Sempre tive muito contato com a arte durante a minha vida, até mais com pinturas e etc do que com a fotografia em si. Cheguei até a fazer um curso básico em artes plásticas, mas acabei não concluindo.

Agora, a minha história começou sem nenhuma pretenção de virar fotógrafo. Minha vida estava meio pacata e eu trabalhava como vendedor em uma loja de roupas. Nasci no Ceará e fui criado em São Paulo, e quando eu tinha uns 20 e poucos anos, morava com a minha mãe e havia um quarto vago na casa.

Então, um comandante da TAM veio morar com a gente e fizemos uma boa amizade. Na época, ele me convidou para conhecer a Europa, mais especificamente Londres. Fiquei 1 ano e meio morando lá, só estudando inglês. Eu dividia apartamento com uma amiga e foi ela quem me apresentou a cena da arte e da fotografia em Londres.

Foi a partir daí que me apaixonei pela fotografia. Enquanto morava lá, conheci o Thiago, que trabalhava como designer em Londres, e nos apaixonamos. Porém, devido à um problema de saúde da minha mãe, tive que voltar para São Paulo.

Em 2001, me mudei para Portugal para encontrar o Thiago novamente. Fiquei lá por 7 anos e, durante este período, trabalhei com tratamento de imagens juntamente com um fotógrafo português. Também foi nesta época que fiz meu primeiro curso de fotografia, revelação e laboratório químico, além de ter estudado fotografia geral na ETIC, a Escola de Tecnologias Inovação e Criação. Foi aí que peguei ainda mais amor pela fotografia.

Inclusive, vale ressaltar que o projeto que desenvolvi na ETIC foi selecionado para participar da Bienal de Fotografia em Vila Franca de Xira, uma das mais importantes do país. Oficialmente, foi meu primeiro projeto que continha nu artístico. Agora, um fato curioso é que eu só me assumi mesmo como um fotógrafo do gênero em 2015, após entrar para o Fotoclube Bulb f/22.

Agora, se considerarmos meu primeiro projeto autoral, ele ocorreu na cidade de Fátima, também em Portugal. Todo o trabalho foi feito com equipamento analógico e aconteceu em um dia 13 de maio, uma data especial para a cidade. O propósito era documentar a ocasião e, desta forma, a minha carreira como fotógrafo profissional começou.

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DA: Nas suas séries fotográficas, encontramos fortes narrativas em que muitos tabus são questionados através dos corpos, cores e composições. Como rola o seu processo para construção dessas narrativas e temas ? E da onde surgem estas inspirações?

Chico Castro: Eu começo tendo uma ideia e lanço essa ideia… mas ocorre que, dificilmente, a minha ideia original sai na foto.

É um trabalho basicamente espontâneo e as minhas inspirações aparecem naturalmente. Eu me inspiro vendo filmes, fotografias de outros fotógrafos e etc. Na realidade, não tenho a intenção de chocar ou criar uma narrativa complexa, essa narrativa sai de um momento totalmente orgânico, natural.

Por exemplo, a série Carne. Eu não tinha preparado praticamente nada, apenas tinha um tubo de sangue artificial e chamei um amigo para posar. Este meu amigo trouxe mais 3 amigos que também estavam dispostos a posar e eu joguei o sangue neles. O resultado ficou bem interessante e o que era pra ser apenas um estudo de luz e testes acabou se tornando um ensaio interessante. Tenho o mesmo ensaio com sangue e sem sangue.

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DA: Vemos que você utiliza muito do corpo masculino como “tema” nas suas fotos. Como começou o seu interesse em trabalhar mais com o nu masculino do que com o feminino? Você acredita que faltam mais obras (em relação ao tema) como as suas hoje em dia?

Chico Castro: Eu fotografo homens e mulheres, entretanto por uma questão de “facilidade”, e não preferência, os homens são mais sucetíveis para tirar a roupa do que as mulheres, homens gays em sua maioria.

As mulheres acabam sendo mais reservadas, pelo menos esta é a experiência que eu estou tendo, mas sem generalizar, é claro. E sobre a questão de faltar obras com esse tema, eu discordo. No meu universo, vejo muito mais trabalhos de nus masculinos do que femininos, assim como vocês do Dionisio Arte devem ver mais trabalhos que envolvem nudez feminina.

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DA: Como foi alcançar a “independência” e se desprender de estilos ou quesitos de mercado?

Chico Castro: Na realidade, eu nunca tive a pretenção ou a intenção de dependência do mercado. O meu trabalho é o que eu gosto de fazer e pego o que eu recebo como oportunidade.

Agora, no momento, não posso negar a existência de um mercado e de seus quesitos, mas não é por eles que vou mudar a forma que eu trabalho. Não vou mentir… o interesse comercial das minhas fotografias é recente e, portanto, ainda vou sentir como será esta questão.

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DA: Gostaríamos de saber quem são os fotógrafos que você tem como referência. Conte um pouco como o trabalho deles influenciam nos seus projetos.

Chico Castro: Pra ser sincero, me identifico com diversos fotógrafos, como a americana Francesca Woodman, por exemplo. Gosto muito das fotos PB dela!

A Diane Arbus é mais uma referência, tanto pela sua história quanto pelo tema das suas imagens. Ela fotografava pessoas em lugares extremamente difíceis, como manicômios e etc.

Outro que eu acho extremamente interessante pelo uso de luzes artificiais é o Irving Penn. Por ser um cara de estúdio como eu, gosto bastante dos trabalhos de moda dele.

Todos eles me influenciam de alguma forma e são referências para o mim.

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DA: Fala pra gente sobre seus projetos futuros e séries que está desenvolvendo ou planeja desenvolver. O que podemos esperar do Chico Castro daqui pra frente?

Chico Castro: Pretendo seguir na mesma linha que venho trabalhando, recebendo as ideias da mesma forma, e me utilizando do acaso.

Gostei bastante do último trabalho que fiz com tintas e, como disse anteriormente, não sou muito de planejar meus trabalhos. Gosto apenas de realizar. O fruto que é gerado por esse acaso acaba me surpreendendo positivamente diversas vezes.

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