Pela primeira vez me perguntaram o que me inspira. Fiquei sem palavras, imersa numa quantidade absurda de ideias para responder à pergunta. Não acredito que exista uma única resposta, algo imutável. Tenho certeza de que daqui a alguns anos este texto não fará mais tanto sentido.
Por este motivo, concluí que a inspiração varia do momento da sua vida. É como ouvir uma música e perceber que a letra tem muito mais a ver com você do que imaginava.
É ler um livro e pensar que há alguém lendo suas mensagens de texto e escrevendo a respeito delas. É encontrar uma frase no tumblr que resuma todos os seus sentimentos. É assistir a um filme e ver toda a sua vida na tela. Novamente, os motivos tornam a explicação da inspiração muito mais difícil do que aparenta. Você já parou para pensar sobre o que te inspira?
Ontem à noite, fiquei muitos minutos admirando a lua, a famosa Lua Azul. Aqueles minutos foram muito mais importantes do que eu esperava.
Observar o céu iluminado pela luz do luar e nada mais. Ouvir o som dos insetos vivendo as suas vidas, dos cachorros latindo por conta do barulho da rua, da brisa encontrando as folhas das árvores. A combinação de todos esses fatores trouxe uma atmosfera única e duvido que ela se repetirá.
O texto que você está lendo neste momento está sendo inspirado pela música que estou ouvindo. O dicionário define a palavra por uma sugestão, insinuação e/ou conselho.
Pare e pense, por favor. Já se deu conta de como sua vida é movida a inspirações? Garanto que não conseguir responder a esta simples pergunta não é apenas uma dificuldade individual.
Dessa forma, preferi não responder. Os momentos foram feitos para serem vividos, a imagem é apenas uma ilustração deles, porém não consegue captar um terço do sentimento que rondava o instante.
Optei em captá-los para meu próprio prazer de tentar reconstruir a imagem na minha cabeça sem perder os detalhes que poderiam passar desapercebidos pelos meus olhos. É uma tarefa impossível.
A fotografia, assim como qualquer outra coisa, possui seus defeitos. Então, vemos a beleza que a foto mostra. Contudo, o expectador nunca sentirá as mesmas emoções que o fotógrafo. Nenhuma pessoa sentirá 100% o que o outro sente.
Gosto de parar por alguns minutos e apenas olhar o que se passa do outro lado da parede de tijolos e concreto. Às vezes sinto como se fossem mundos diferentes.
Enquanto minha casa está sendo iluminada por lâmpadas, grande parte do mundo sobrevive apenas com o que a natureza pode proporcionar. Se o céu está nublado, não há iluminação. Mas se a noite foi como a de ontem (31/7), a lua faz o seu trabalho.
A beleza não está presa à natureza. Vivemos numa selva de concreto. Busque, procure, não feche os olhos, não agora. Não ache que a grama do vizinho é mais verde. Tente ao menos encontrar um pouco de beleza no seu dia-a-dia. É surpreendente como pode se surpreender com algo que estava bem na sua frente.
Espero um dia poder responder a pergunta e manter as mesmas palavras para sempre. No entanto, “para sempre” é muito tempo e não podemos garantir a certeza do futuro.
Diante disso, espero que você se surpreenda com as pequenas inspirações e não vire as costas a elas. Uma mente e coração aberto são as respostas para muitas questões incompreensíveis.
A Beleza por Trás das Lentes – Laryssa Asano
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